Depois
de quase um mês de expectativa, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços
Públicos anunciará hoje, 23, a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto como
nova diretora-geral do Arquivo Nacional. A ministra Esther Dweck confirmará,
também, o novo status do AN, agora elevado à condição de secretaria da pasta.
Ana
Flávia Magalhães Pinto é historiadora (com mestrado e doutorado na área) e
jornalista, além de atuar como professora do Departamento de História da
Universidade de Brasília (UnB) e de cursos de pós-graduação. De acordo com o
currículo registrado na plataforma Lattes, a professora “desenvolve pesquisas
articulando conhecimentos das áreas de História, Comunicação, Literatura e
Educação”. A nova diretora será a primeira mulher negra a liderar a principal
instituição arquivística brasileira.
O
vasto currículo de Ana Flávia Magalhães Pinto e a importância de sua
representatividade marcam uma explícita cisão do governo Lula com o perfil
escolhido pelo governo anterior para dirigir o AN a partir de 2021 – o de um
homem branco, desprovido de currículo e muito próximo aos círculos de poder.
Por outro lado, a nomeação de Magalhães Pinto representa a manutenção de uma
velha e aparentemente inquebrantável “tradição” brasileira: o AN segue sob a
batuta de historiadores – e não de arquivistas.
Cabe
lembrar que a ministra Esther Dweck prometeu integrar o Arquivo Nacional a um
projeto maior de reforma do Estado brasileiro – garantindo à instituição seu
papel de órgão de gestão. A escolha de uma profissional da área de História e
que não tem experiência na condução de instituições arquivísticas representará
um desafio a mais nesta jornada.
Ana
Flávia Magalhães Pinto assume o Arquivo Nacional em um momento delicado para a
instituição. Com uma equipe dividida e em constante conflito, caberá à nova
diretora pacificar o AN desde dentro. A Associação dos Servidores do Arquivo
Nacional (ASSAN) pede que a instituição seja “desbolsonarizada”, isto é, que os
cargos de direção que foram distribuídos pelo último diretor, sejam entregues a
outros trabalhadores. Ao mesmo tempo, pesam sobre o AN diversas polêmicas – na
última semana, por exemplo, um servidor do órgão acusou o atual
diretor-interino de perseguição política.
Além dos problemas internos, o AN também patina no que diz respeito ao seu papel enquanto instituição arquivística pública federal. Nos últimos anos, o órgão tem sido constantemente contestado a respeito de suas decisões no que tange à política de gestão de documentos da administração pública. Uma das muitas missões urgentes para a nova diretora.
Fonte: Giro da Arquivo